Rally dos Sertões
maio 20, 2017Gerenciamento de Multiplas Vitimas
junho 20, 2017Extração em ângulo de zero graus
Avaliação inicial
Quando atendemos um ou mais pacientes envolvidos em um acidente veicular, após a realização de todos os procedimentos de segurança, o responsável pelo resgate deve fazer uma avaliação rápida e definir se o paciente está estável ou instável, principalmente sob o ponto de vista respiratório e hemodinâmico, e em seguida definir a técnica de extração (ou extricação) do paciente, com isso será planejada a via de retirada, bem como a necessidade de utilização de instrumentos auxiliares.
Técnicas disponíveis nos serviços brasileiros
Atualmente no Brasil utiliza-se basicamente dois princípios de extricação, as manobras de retirada rápida, com algumas variações, e o uso do “Kendrick Extrication Device” (KED), que consiste em um colete que imobiliza a coluna do paciente para minimizar os traumas existentes. Para pacientes estáveis usa-se o KED e para pacientes instáveis as variações de retirada rápida são utilizadas.
A avaliação inicial do paciente é necessária para a definição dos locais de corte no veículo
A classificação do paciente entre estável ou instável, após a avaliação primária do socorrista, define não apenas a técnica de extricação, mas também os cortes que serão feitos no veículo para criar uma via de acesso e de saída.
Criticas sobre as técnicas atuais ajudaram a criar competições mundiais
Entretanto, existem inúmeras críticas sobre retirar o paciente utilizando o KED, pois para colocar o colete, há necessidade de inúmeras manobras que movimentam o tronco do paciente, os riscos são minimizados com o treinamento, entretanto recentemente técnicas alternativas vem sendo utilizadas em serviços de resgate no mundo todo, motivando a criação de competições internacionais de Salvamento e Resgate Veicular. Em 2016 o Brasil sediou Desafio Mundial de Resgate Veicular, em parceria com a World Rescue Organization (WRO) entre os dias 20 e 23 de outubro, em Curitiba. O campeonato deste ano acontecerá na Romênia.
Nos campeonatos as equipes utilizam o conceito de extração em ângulo de zero graus
Para chegar ao campeonato mundial, seletivas estaduais foram realizadas e discutimos muitas técnicas novas durante nosso treinamentos e o principal conceito foi a extração em ângulo de zero graus”, pois até então nenhuma equipe brasileira havia trabalhado com essas técnicas.
Basicamente, a extração em ângulo de zero graus substitui a técnica com o KED, na maior parte das vezes, não se altera o conceito de retirada rápida. Assim, caso após a avaliação primária entendermos que o paciente está estável, seguiremos o “Plano A”, ou seja, extração em ângulo de zero graus, caso o paciente esteja instável, seguiremos o “plano B”, a retirada rápida, como de costume.
Chama-se “extração em ângulo de zero graus” pois, em um plano cartesiano, a coluna vertebral, a via criada pelos cortes e o movimento do paciente estariam alinhados no 0º
Após definir que o paciente está estável, seguiremos com o planejamento dos cortes para que a coluna do paciente se movimente o menos possível, ou seja, que o corpo do paciente seja “arrastado” para a prancha longa sem a necessidade de rotação em 90º, que acontece na técnica com KED, o paciente irá sair para o lado “onde a nuca estiver apontando“, formando um ângulo de “zero” graus entre a coluna vertebral do paciente, a via criada pelos cortes na lataria e o movimento para trazê-lo para a prancha longa, ou seja, alinhando esses três eixos sobre o “zero grau” definido pelo lado onde a “nuca está apontando”.
A equipe de extração deve definir dois planos (A e B), sendo que um deles servirá para os pacientes com estados muito graves onde o tempo é precioso, sendo necessário privilegiar a vida em relação a detalhes de imobilizações (plano B), e um segundo plano para os pacientes que apesar de necessitarem de atendimento podem suportar um tempo maior para a criação da melhor via de retirada para que o movimento de extricação não desalinhe a coluna vertebral do paciente (Plano A).
Os trabalhos para retirar o paciente pelo “Plano A” apenas se iniciam após a equipe garantir que a via do “Plano B” já está pronta, pois caso haja qualquer mudança na estabilidade do quadro clínico ou da segurança da cena é possível retirar o paciente do veículo rapidamente.
A regra de competição define que o paciente deve ser “colocado na ambulância” em 20 minutos, para isso a tática da equipe deve assegurar que a estabilização veicular ocorra em 1 minuto, a decisão dos planos A e B em 2 minutos, a garantia do Plano B em 6 minutos, a criação da via de retirada do Plano A em 18 minutos, para que haja mais 2 minutos para a “retirada em ângulo de zero graus” e a reavaliação clinica do paciente fora do veículo.
Existe um excelente trabalho sendo feito Pela Policia Militar para que futuramente esses novos conceitos estejam difundidos em nossa sociedade.
O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo realiza os eventos de resgate veicular no Estado de São Paulo. É um belo trabalho feito por pessoas muito sérias que desejam o melhor para a sociedade brasileira, com isso desejamos que esses novos conceitos sejam difundidos gradativamente para os socorristas de todo o estado e de todo o país, esperamos que com isso, futuramente possamos dispor em nossa sociedade desses meios que já são utilizados nos melhores serviços de resgate do mundo e que para ser colocado em prática não requer tecnologia, requer treinamento.