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A prioridade é salvar o maior número de pessoas
A necessidade de gerenciar multiplas vitimas surge quando a quantidade de vítimas é maior que a quantidade de recursos disponíveis e há a necessidade de trabalhar com uma estratégia própria em que a prioridade deixa de ser a assistência ao indivíduo e direciona-se para o coletivo, o objetivo torna-se salvar a maior quantidade de pessoas possíveis.
Atentados terroristas, acidentes de trânsito, grandes aglomerações…
Nos dias de hoje o mundo vive o medo dos atentados terroristas que costumam possuir energia o suficiente para ferir um grande número de pessoas e desafiar os serviços de resgate. Em nosso país, há alguns anos, uma boate na região sul vitimou inúmeras pessoas fazendo com que todos observassem a necessidade de equipes treinadas e prontas para atender de maneira eficiente multiplas vitimas. O trânsito brasileiro é palco de frequentes acidentes envolvendo ônibus, entretanto infelizmente essas ocorrências são extremamente mal gerenciadas pelas equipes de resgate, as quais ainda engatinham tecnicamente falando…
Gerenciamento é a palavra de ordem
A palavra correta para determinar as ações quando muitas pessoas estão feridas é “gerenciamento”. Para que o “gerenciamento” do atendimento das multiplas vitimas permita que o maior número de pessoas sobreviva, há necessidade de organizar um processo de trabalho semelhante a uma linha de montagem industrial no cenário onde o evento ocorreu, seja na rodovia, na boate, na maratona, etc.
A meta é organizar uma linha de montagem
Vamos imaginar que somos gerentes de uma pizzaria, nossos produtos são pizzas, entregues por motoboys, recheadas e embaladas por um funcionário que fica no balcão, assadas por outro que fica no forno e a massa é feita e aberta por uma outra pessoa apenas com essa função, assim a pizza passa de um ambiente para o outro, de mão em mão com funções específicas, ou seja, a pessoa que abriu a massa não é a mesma que vai de moto entregar a pizza. Gerenciar multiplas vitimas é exatamente igual, ao chegar na cena da tragédia há necessidade de determinar-se os ambientes de trabalho, chamamos estes ambientes de “Zonas”. O primeiro ambiente é o local geográfico onde a tragédia está, onde as pessoas estão, alguns mortos, outros vivos muito graves, alguns levemente feridos e muitos sem traumas, chamamos este local de “Zona Quente”, a prioridade na zona quente é a evacuação dos indivíduos vivos o mais rápido possível. As pessoas que conseguirem andar saem e vão para um lugar seguro para dar espaço aos trabalhos, as que não conseguem andar deverão ser triadas e retiradas da Zona Quente rapidamente, sendo as vítimas mais graves deverão ser retiradas primeiro. A segunda zona de trabalho é o local onde as pessoas serão pranchadas e receberão colares cervicais, chamamos esse local de “Zona Morna”. O terceiro ambiente de trabalho é o local onde os pacientes serão estabilizados antes de serem colocados nas ambulâncias e levados ao hospital, chamamos esse local de “Zona Fria”. Por fim o quanto ambiente de trabalho é onde os pacientes serão embarcados nas ambulâncias e levados aos hospitais como em um sistema de “delivery”, chamamos de “Estacionamento”.
Utiliza-se o método de triagem conhecido como START
A prioridade de atendimento deve seguir algum sistema de triagem predeterminado, existem vários, no Brasil o Ministério da Saúde determina que usemos o método conhecido como “START, é uma metodologia que verifica se a pessoa está em risco iminente de morte, é uma avaliação superficial e rápida que possibilita separar o “joio do trigo” permitindo que os mais graves sejam detectados precocemente, basicamente retira os que conseguem andar e dos que não conseguem, verifica a respiração, a perfusão e o nível de consciência, pois sabemos que uma vítima de trauma que respira mal está grave, que está com a circulação comprometida está grave e que está com o nível de consciência rebaixado também está grave.
Há necessidade de dividir as tarefas entre os socorristas
Por conta da complexidade do atendimento e da necessidade de diferentes funções em ambientes de trabalho distintos, coordenados para a formação de um único produto, em um tempo curto, é preciso muito treinamento, entretanto as pessoas precisam conhecer o plano que os gestores construíram para o momento da tragédia e serem treinados respeitando as regras desse plano, como um time. Quando as equipes treinadas participarem de um evento com múltiplas vítimas devem voltar para as bases listando os erros, pois só quem reconhece os erros conhece o plano correto.
É o maior desafio para os profissionais que atuam no cenário pré hospitalar
Gerenciar eventos envolvendo multiplas vitimas é provavelmente o maior desafio das equipes de atendimento pré hospitalar, o Brasil ainda está muito longe de conseguir realizar atendimentos com a qualidade adequada pois as equipes brasileiras infelizmente são muito carentes dos conceitos fundamentais e de treinamento adequado, cabe aos gestores dos serviços de resgate o compromisso em educar seus socorristas de maneira adequada (Portaria nº 2048 do Ministério da Saúde), enquanto isso não acontece convidamos os interessados a participarem do nosso curso.